Viajando de Avião com seu Pet: ANTES da Viagem

Depois que decidimos mudar para o Reino Unido, no início de 2022, a nossa maior preocupação passou a ser o transporte da Gaia. Se mudanças e viagens já são tão estressantes para nós, imagina como é para os animais, que sequer têm ideia do que vai acontecer.

Além da preocupação com o bem-estar físico e mental dos nossos pets, somos bombardeados com uma série de regras sanitárias e aéreas, que variam de acordo com o local de saída e de destino. Por isso, resolvemos fazer uma série de posts sobre os principais pontos que devemos considerar ao viajar de avião com um pet.

Para isso, pedimos a ajuda da Carolina Neves, consultora de viagens pet, que nos ajudou com toda a fase de preparação para a viagem da Gaia. A Carolina é comportamentalista de cães e gatos no Brasil, fundadora do Consultoria Pet e há 18 anos trabalha diretamente auxiliando famílias a compreender e se comunicar melhor com seus animais.

Nesse primeiro post, abordamos as principais questões que surgem antes da viagem do seu pet.

Treinos para a Viagem

Sempre que alguém nos contata dizendo que vai viajar com o pet de avião, a primeira dica que damos é: comece os treinos na caixa/bolsa de transporte o quanto antes! Em abril de 2022, tivemos a certeza de que iríamos nos mudar e começamos os treinos imediatamente, mesmo sabendo que só viajaríamos em setembro.

A Carolina explica a importância desses treinos para o bem-estar do animal durante a viagem:

"Quando decidimos fazer uma viagem com nosso pet, seja curta ou até mesmo longa para outro país, é muito importante que os planos de treinamento comecem juntos! Não só pela adaptação em si, mas para que o bem-estar seja prioridade nessa jornada.

Sabemos que, para os animais, o aprendizado se fortalece com a constância dos treinamentos, e quanto mais ele estiver habituado ao transportador, maiores as chances dele saber lidar melhor com todas as situações adversas no futuro.

Tornar a caixa parte do ambiente e da rotina do pet, trará uma familiaridade que vai gerar conforto e bem-estar quando ele precisar permanecer dentro dela por algumas horas.

Um lugar quentinho e aconchegante remete a sensações boas, por isso incentivar o descanso e até mesmo atividades de recreação no transportador são muito bem vindas.

Durante esse treinamento, além de incentivar que o pet permaneça dentro da caixa o maior tempo possível, vamos precisar recriar possíveis situações da viagem, como sons externos e o manejo da caixa com ele dentro. Toda essa habituação feita da maneira correta, trará segurança diante de todas as etapas do transporte."

Regras Sanitárias

Outra questão que indicamos analisar assim que souber do seu destino são as regras sanitárias, pois podem ser necessários meses para atender a todos os requisitos do país de destino, sem contar os imprevistos que podem surgir.

No nosso caso, por exemplo, apesar da Gaia ter sido microchipada quando filhote, descobrimos que não era mais possível fazer a leitura do microchip. Tivemos que substituir o microchip, revacinar a Gaia contra raiva, fazer a sorologia e aguardar o período de quarentena para que ela pudesse viajar. Tudo isso levou um pouco mais do que 4 meses.

"A parte sanitária é tão importante quanto o treinamento do pet com a caixa de transporte", explica Carolina.

"A depender do destino, pode ser necessária a implantação de microchip, revacinação, sorologia, tratamento parasitário, entre outras exigências. Por isso é importante conferir todas as regras do país com antecedência.

Além disso, é primordial avaliar a saúde geral do pet. É imprescindível que o animal esteja saudável e com check-up de saúde em dia, pois somente animais hígidos vão conseguir lidar bem com todos os desafios de uma viagem e chegar bem ao novo lar."

Modalidade de Viagem

Outra pergunta que sempre nos fazem é: onde a Gaia viajou? Existem três principais modalidades de viagem para pets:

• Acompanhado do responsável, na cabine do avião;
• Acompanhada do responsável, no porão do avião ("excesso de bagagem"); e
• Desacompanhado, no porão do avião ("carga viva").

Quando começamos a planejar a viagem da Gaia, nosso desejo era que ela viajasse junto com a gente. Contudo, isso não foi possível, pois não consegumos conciliar o prazo de entrada do nosso visto e o tempo para cumprimento das regras sanitárias do Reino Unido para cães. Acabamos viajando 20 dias antes da Gaia e, por isso, ela viajou via cargo, desacompanhada.

Abaixo, a Carolina reuniu as principais considerações sobre os diferentes tipos de viagem.

"Destino decidido, o passo seguinte é decidir o modelo de viagem. Depois de selecionar o melhor itinerário e Cia aérea, podemos saber se há possibilidade do pet viajar na cabine junto ao responsável ou no porão do avião.

Existem algumas regras para levarmos em consideração para essa decisão, como o peso e o porte do animal, além das normas específicas dos países e da própria Cia aérea.

Para que o cão viaje na cabine junto ao responsável, o limite da maioria das Cias aéreas é de no máximo 10kg (animal + transportador). Porém, não podemos levar em consideração somente o peso do animal, mas o tamanho dele em si.

A bolsa de transporte precisa ser maleável e ter uma dimensão específica. Essa possibilidade pode gerar uma falsa impressão de segurança, pelo pet estar junto do tutor, mas em diversas situações o animal viaja muito apertado e sem possibilidade de mudar de posição.

Avaliar as medidas do cão ou gato é primordial para conseguirmos decidir onde é mais seguro e confortável que ele viaje.

Para pessoas que têm animais para auxiliar com alguma questão de saúde, como cães guia ou animais de suporte emocional, além de averiguar a permissão da viagem na cabine diretamente com as cias aéreas, é imprescindível que este animal tenha recebido o devido treinamento.

Expor os animais a situações adversas sem o devido preparo podem o colocar em risco, além de não ser uma maneira de priorizar o bem estar do pet. Como sabemos, a cabine dos aviões só tem preparo de segurança para humanos, sentados e com cinto. O mínimo se oferece quando o pet está no transportador embaixo da poltrona, para casos de turbulências, por exemplo.

Portanto, qualquer animal que viaje na cabine sem bolsa de transporte, precisa estar preparado emocionalmente e muito bem treinando, para entender comandos em situações de alto estresse e também para que não cause nenhum incidente consigo, o próprio tutor ou demais passageiros.

Além disso, algumas raças, como cães braquicefálicos, podem ter regras específicas para o transporte e por isso é tão importante o auxílio profissional nestas situações.

Existe um órgão que regula estas medidas de segurança em voos, a IATA (sigla para International Air Transport Association) e todas as orientações são listadas para que pessoas e animais tenham uma viagem segura.

No porão, o pet pode viajar de duas formas:

• Acompanhado - quando o responsável viaja no mesmo avião e o pet está vinculado à passagem do humano; ou
• Desacompanhado - nesta modalidade o animal viaja na parte cargo, sem vínculo a qualquer passageiro.

Em ambas modalidades, o animal viaja no mesmo lugar - o porão para carga viva das aeronaves, que é devidamente climatizado e pressurizado para isso - o que muda é a documentação final de cada uma. Via cargo (desacompanhado), o documento só poderá ser emitido por uma empresa especializada."

São muitos detalhes, prazos e informações para assimilar - e isso tudo tendo que pensar em todos os outros preparativos para a viagem. Por isso, a ajuda de um profissional pode ajudar a passar por tudo isso de forma mais tranquila.

Nos próximos posts, falamos sobre os cuidados a serem tomados durante (acesse aqui) e depois da viagem (acesse aqui).