Viajando de Avião com seu Pet: DEPOIS da Viagem

Viajando de Avião com seu Pet: DEPOIS da Viagem

Nos primeiros posts da nossa série sobre viagens de avião com seu pet, falamos sobre as principais questões que surgem antes da viagem (acesse aqui) e demos dicas que podem ajudar você e seu pet durante a viagem (acesse aqui).

Neste terceiro e último post da série, eu e a Carolina Neves, consultora de viagens pet e comportamentalista de cães e gatos no Brasil*, vamos falar sobre o que você pode fazer depois da viagem para facilitar a adaptação do seu pet no novo destino.


Finalmente chegou a hora de focar na adaptação do pet ao novo destino! Comparada às fases anteriores (preparação para a viagem e viagem em si), a fase de adaptação foi a mais tranquila por aqui, porque ela não depende tanto de fatores externos (burocracia, companhias aéreas etc.). Então, eu tinha certeza de que eu, o Rapha e a Gaia superaríamos todos os desafios juntos, com amor e paciência.

De qualquer forma, a quantidade de coisas para se pensar é enorme, das mais básicas às mais complexas. Se, assim como nós, você estiver mudando de país ou mesmo de cidade, lembre-se que a fase de adaptação também é essencial para os humanos. Por um momento, você perde a referência de todas as coisas com as quais você estava acostumado: não reconhece as marcas dos produtos no mercado, não entende o cardápio nos restaurantes, se perde no transporte público, rs. O mesmo acontece com os assuntos dos pets. Você tem que pesquisar e decidir tudo de novo: alimentação, veterinário, produtos de higiene, caminho dos passeios etc.

Além disso, provavelmente o seu cão precisará de uma atenção especial no início. A Gaia, por exemplo, que sempre foi acostumada com passeios longos e em lugares diferentes no Brasil, mostrou sinais de medo nos primeiros passeios em Londres. Se assustava até com o barulho das folhas voando e logo queria voltar pra casa.

Por isso, separamos algumas dicas gerais para ajudar você e seu pet nessa fase de adaptação.

Regras do novo destino

Como mencionamos no último post, é importante pesquisar as regras do destino sobre animais de estimação. Aqui no Reino Unido, por exemplo, é obrigatório por lei microchipar o animal e usar uma tag de identificação quando seu pet estiver em locais públicos, sob pena de multa de até £500 (aprox. R$3.000,00 na cotação atual).

Além disso, para levar o seu pet no veterinário aqui na Inglaterra é necessário fazer o registro prévio em uma clínica, que servirá como o veterinário de referência do seu animal e terá todo o histórico veterinário dele - diferente do que ocorre no Brasil, em que basta agendar uma consulta em qualquer clínica de sua preferência.

"Depois de um descanso merecido, hora de rever regras com relação aos pets na sua nova cidade", explica Carolina.

"De primeira, manter a Airtag na coleira já é um bom meio de identificação para qualquer emergência. É interessante também fazer uma medalha com os seus dados de endereço e telefone gravados e manter na coleira. Em alguns países, será necessário juntar uma TAG com número de registro do pet (obrigatório sempre que estiver na rua).

Lembramos também que seu pet provavelmente possui um microchip e é essencial sempre manter as informações atualizadas no sistema a que ele pertence, para que seja mais uma forma de identificação. Nesse banco de dados, devem constar as informações do tutor, endereço e dados gerais do pet.

Em alguns países é permitido que seu pet te acompanhe no transporte público, como ônibus, trem e metrô. Sempre se informe das regras locais com antecedência, sobre horários permitidos e se há alguma restrição ao porte ou raça.

Leve em consideração como o seu dog se sente em situações com desconhecidos. Às vezes, seu animal pode não ser sentir seguro te acompanhando nesses locais, e nestes casos, o primordial é pensar no bem estar do seu bichinho.

Deixar para explorar parques em horários alternativos, que não tenham muita gente e muito bicho, pode ser a melhor escolha para pets mais sensíveis. Para os passeios na cidade, também é legal considerar as preferências do seu melhor amigo, afinal, o passeio é dele!"

Aqui no Reino Unido, por exemplo, o transporte público é pet-friendly. Mas nós esperamos semanas até a Gaia estar mais ambientada e confiante para usar essa opção com ela pela primeira vez. E, mesmo hoje, evitamos andar em horários de pico ou em dias muito quentes para a segurança e o conforto dela.

Questões de saúde e comportamentais

Novamente, é importante lembrar que tudo é novidade para o seu pet: clima, cheiros, sons, casa, pessoas, animais...e tudo isso pode trazer consequências para a saúde e para o comportamento do seu animalzinho.

Gaia no primeiro inverno em Londres

A Gaia mostrou sinais de medo e insegurança na rua durante as primeiras semanas (o que ela não apresentava no Brasil), então, adaptamos a rotina de passeios. Ao invés de fazer dois passeios longos no dia, dividimos as saídas em diversos passeios curtos (uma voltinha no quarteirão) para ela ir se adaptando e ganhando confiança, aumentando o tempo e a distância no tempo dela - sempre usando reforço positivo no caminho.

É importante ter paciência com eles nessa fase de adaptação e, caso necessário, buscar ajuda profissional de um veterinário e/ou adestrador.

"Para dogs mais peludos ou mais friorentos, você precisa se planejar para temperaturas extremas. Já pensar em manter a pelagem mais densa no inverno (para dogs que costumam tosar os pelos) e se houver necessidade, treinar o seu dog a usar roupinha. O treinamento gradativo para o pet que nunca teve contato com uma roupa, pode evitar grandes desconfortos.

Caso o destino da família seja para algum país que exige sorologia de raiva, é importante averiguar o protocolo de reforço da vacinação (tanto da raiva, quanto para outras doenças que a vacina polivalente protege) e conferir a validade deste documento.

Para países na União Europeia, por exemplo, se você mantiver a vacina sempre atualizada, a sorologia valerá por toda a vida do animal, sem a necessidade de precisar refazer esse exame. Já nos EUA, a sorologia só é exigida para cães e só vale por um ano.

Por fim, buscar um veterinário antes de situações emergenciais é fundamental. E, nessa primeira visita, é interessante questionar sobre as doenças que são comuns na cidade/país, pois existe a possibilidade de seu pet precisar incluir vacinas ou outras precauções ao protocolo habitual, por exemplo."

Casa nova

Normalmente, profissionais do adestramento recomendam a adaptação gradual de um pet à casa nova antes de uma mudança, com diversas visitas anteriores à casa para o seu animal ir se acostumando. Contudo, quando a mudança envolve viagens, essa adaptação gradual não é possível. Por exemplo, quando a Gaia chegou, nós ainda estávamos em uma acomodação temporária, então ela passou por duas casas diferentes nos primeiros 15 dias na Inglaterra.

Mas algumas dicas podem ajudar o seu pet a se adaptar mais rapidamente, mesmo sem conhecer o novo lar. A Carolina explica que levar as cobertas, caminhas e brinquedos do pet sem lavar antes é uma ótima ideia. Assim, o animal terá objetos e cheiros conhecidos que o remetem à sensações de familiaridade, segurança e conforto.

Outra dica é manter a caixa de transporte disponível para o seu pet. Afinal, provavelmente você passou os últimos meses treinando o seu cão para associar aquela caixa como um ambiente seguro e tranquilo, porque não usar isso a seu favor na casa nova?

O uso de difusores ou sprays de feromônio (como Adaptil para cães e Feliway para gatos) também pode ser um excelente aliado para manter o seu pet mais calmo e reduzir os níveis de stress durante a adaptação.

Rotina

Os animais de estimação gostam de ter rotinas e hábitos. Tente retomar a rotina normal do seu pet o quanto antes - passeios, alimentação, água e brincadeiras trarão a normalidade de volta à vida do seu animalzinho após a viagem. Sempre respeitando o tempo de cada animal.

A Gaia demorou de 2 a 3 semanas para voltar ao seu comportamento normal (confiante e aventureira), mas é importante lembrar que cada caso é único. Alguns pets podem se adaptar mais facilmente e outros demorar um pouco mais. Além disso, fatores externos (como climas extremos e grandes diferenças entre o local de saída e de destino) podem ter um peso maior no processo de adaptação.

Com paciência e respeito, logo todos estarão adaptados ao novo destino e à nova rotina.  


* Carolina Neves é consultora de viagens pet, comportamentalista de cães e gatos no Brasil, fundadora do Consultoria Pet e há 18 anos trabalha diretamente auxiliando famílias a compreender e se comunicar melhor com seus animais.